quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A polêmica da falta de mão-de-obra em T.I

Teremos chegado a tão anunciada escassez de mão de obra de tecnologia!?
Nos últimos meses, ao anunciar vagas para Analista de Sistemas com experiência em .Net e Administrador de banco de dados Oracle, fiquei impressionado com a pequena quantidade de currículos que recebi. Em sua maioria profissionais ainda universitários e com pouca experiência profissional na área.
Neste momento o profissional que estiver lendo este artigo deve estar questionando: “Isso é mito! O que existe não é falta de mão-de-obra, mas sim uma resistência das empresas em pagar bons salários.”
De fato, sonho com os altos salários anunciados frenquentemete na revista Info ou no IDG Now. É verdade que os salários poderiam ser melhores na nossa região. Mas a grande questão é que para os empresários os salários de T.I são altos. O custo de desenvolvimento de qualquer software extrapola em muito o valor que a maior parte das empresas/clientes locais aceita pagar. Sem falar que o custo fixo para se manter uma empresa de tecnologia vai além do limite de risco do mais ousado dos empreendedores.
De acordo com dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, o mercado de T.I emprega aproximadamente 200 mil profissionais em todo o país, com um crescimento do número de postos de trabalho na ordem de 40% nos últimos três anos. O déficit atual de profissionais é de 17 mil vagas. A perspectiva é que o número de vagas sem condições de serem preenchidas atinja 230 mil vagas já em 2012 em virtude da falta de profissionais qualificados.
De um lado, profissionais que vêem experimentando aumento salarial superior a média das outras carreiras, mas ainda insatisfeitos com seus vencimentos e buscando concursos públicos; de outro, empresas que não conseguem dos seus clientes uma fatia maior do orçamento para investimento em tecnologia. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV) em pesquisa com 2000 empresas (das quais 60% das 500 maiores do país) publicada em Abril de 2009, 6% do faturamento líquido dessas companhias foram investidos em T.I, percentual duas vezes maior que há 10 anos. Não precisamos de pesquisa para constatar que essa não é uma realidade local para o RN, onde o mercado ainda se concentra nas oportunidades com o governo.
O fato é que realmente faltam profissionais experientes em T.I e com esse cenário de crescimento da demanda e diminuição da oferta de mão-de-obra, acredito que experimentaremos nos próximos anos um forte aumento dos salários e ainda assim escassez de profissionais especializados. O que provavelmente diminuirá nossa capacidade de concorrer com empresas de outras regiões ou mesmo países.
Por fim, destaco o excelente trabalho que vem sendo realizado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (antigo CEFET), seus profissionais recebem um direcionamento técnico muito bom e alinhado às necessidades do mercado. Espero que a Universidade Federal (UFRN) possa cumprir com o seu papel de fazer o mesmo pela indústria de T.I do nosso Estado formando e preparando profissionais para o mercado.
Erico Fernandes
Consultor de T.I Certificado PMP, ITIL Foundation, COBIT e Oracle

Freemium - Negócios viáveis na Internet

Fiquei surpreso ao acessar recentemente o youtube e encontrar logo no lado superior direito um vídeo de propaganda da Volkswagem, diga se de passagem de muito bom gosto e altamente “rigorosos”. Digo Surpreso, mas feliz e entusiasmado, pois vejo que mesmo empresas com modelos de negócios baseados essencialmente na visitação dos seus sites começam a explorar alternativas de receita com a finalidade de tornar viáveis seus produtos “free” na Internet .
Após anos de prejuízos o Orkut aderiu a um novo modelo de propaganda com informes e vídeos publicitários na página principal dos seus usuários. Já o Twitter está fechando um acordo comercial para disponibilizar os posts dos seus usuários nas pesquisas do Google e Microsoft Bing.
O desafio é: O que fazer para em tempos de busca por softwares livres, disponibilizar serviços na Internet que garantam retorno financeiro para as empresas!?
A resposta é Freemium, o termo já muito utilizado na internet nada mais é que a junção de Free com Premium. Consiste em disponibilizar uma gama de serviços free e cobrar por serviços mais específicos ditos Premium. A receita de sucesso sustenta principalmente negócios com público alvo bastante restrito ou mesmo negócios que ainda não possuem grande visitação na internet. Um bom exemplo é o software de emissão de Notas Fiscais Eletrônicas disponibilizado em www.emissornfe.com.br – Gratuito para emissão de NF-e para contribuintes de todo o país.
Existem outras formas de disponibilização de serviços Freemium como no exemplo do Catho (empregos) ou Salesforce (Força de vendas) onde os usuários possuem acesso gratuito por 30 dias.
O modelo escolhido pelo produto BizSpark da Microsoft consiste em disponibilizar a ferramenta gratuitamente apenas para pequenas e médias empresas, ficando para as grandes a “conta” do serviço.
A grande verdade é que após anos de fluxo de caixa negativo, onde qualquer novo negócio era visto com entusiasmo simplesmente por atrair internautas, as empresas buscam agora modelos de negócios viáveis economicamente. A publicidade não pode ser a única fonte de receita dos negócios e serviços disponibilizados via internet. Assim como qualquer outra empresa, as ponto com precisam de receita e vendas. Em alguns momentos cheguei a achar que uma nova bolha das “ponto com” se formaria. Que bom que já visualizamos um cenário diferente com os serviços Freemium. O fato é que seja site de conteúdo ou rede social; os investidores já não topam pagar toda a conta.
Bons negócios a todos!

Startup Transformando idéias inovadoras em empresas de sucesso

Recentemente em busca de lançamentos em livros de tecnologia, encontrei uma pérola de leitura obrigatória aos empresários da área: Lançado no Brasil em Fevereiro de 2009 a “obra” Startup de Jessica Livingston, conta como surgiram algumas das maiores empresas de tecnologia. Fundadores da Apple, Yahoo, Hotmail, Firefox, RIM, Adobe, entre outras, contam como nasceram suas empresas milionárias. Uma espécie de mapa da mina para inovações tecnológicas. O livro é uma verdadeira fonte de inspiração aos empresários de tecnologia. Percebi que, mesmo com muita confiança e certeza que estavam iniciando negócios ou produtos de grandes proporções, muitos daqueles empresários ou estudantes estavam inseguros e que as histórias de sucesso meteórico escondem noites e noites de muito trabalho e acesso a poucos recursos financeiros para desenvolver suas idéias. Em comum em todas as histórias, a inquietação em atender a um anseio ou desejo do usuário. Para não frustrar os futuros leitores de Startup, termino meus comentários. Recomendo fortemente a leitura!

Mas como iniciar uma startup (uma nova empresa, com poucos recursos) no Brasil?

Inicialmente, inspire-se, busque uma idéia ou produto inovador, desafie conceitos, quebre paradigmas. Escreva sua idéia, crie seu plano de negócio. Não desanime se alguém disser que sua idéia não é viável. Se fizermos uma retrospectiva, veremos que algumas idéias foram rejeitadas por grandes empresas, como o computador pessoal (desktop), navegador de internet e até mesmo o uso de e-mails. Por outro lado, alguns produtos ou empresas de sucesso aconteceram quase que por acidente.

Mas como enfrentar a falta de recursos financeiros? Existem diversas maneiras de financiar seus projetos, tais como: Investidores anjos, fundos de capital de risco, fundos de amparo a pesquisa e o tradicional financiamento bancário. Esse tema por si só daria um livro, mas gostaria de destacar a iniciativa e o importante trabalho desenvolvido pela FINEP, PAQTC e FAPERN que, através da Lei nº 10.973/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.563/2005, estão pondo em prática a “Lei da Inovação”. A Lei consiste em medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país.

Somente no ano de 2009, dezenas de empresas no Rio Grande do Norte receberam subvenção econômica através das seleções públicas PRIME, INOVA II e PAPE II. Os recursos são de aproximadamente R$120.000,00 por empresa/projeto, podendo chegar a 10 milhões de Reais. O que o governo e a sociedade ganha com isso!? Desenvolvimento de empresas e idéias que em muitos casos não existiriam ou não se desenvolveriam sem esse importante incentivo. Investimentos como esses, de pronto geram empregos; os projetos inovadores certamente se desenvolverão gerando mais emprego e renda por muitos anos.

A “Lei da Inovação” representa um marco na história do Brasil, uma conexão perfeita entre empresários, universidades e pesquisadores na produção de soluções inovadoras e ao mesmo tempo comerciais. Quem sabe em alguns anos possamos experimentar o desenvolvimento econômico e tecnológico conquistado pelas empresas da região do Vale do Silício - EUA ou de Bangalore na Índia.

Finalizo com um alerta importante: Os recursos devem ser usados de forma responsável e efetivamente investidos na execução dos projetos. Trata-se de recurso público, consequentemente auditados pelo Tribunal de Contas. Para mais informações visite os site www.fapern.rn.gov.br , www.finep.gov.br e www.paqtc.org.br

Erico Fernandes